Em 2019, iniciamos a produção do Mundaréu pensando a comunicação científica como uma abordagem politicamente situada e buscando uma comunicação pública para a Antropologia. Inicialmente, o podcast surgiu como uma parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Brasília (UnB), coproduzido entre Daniela Manica, pesquisadora do Labjor, e a professora Soraya Fleischer, professora do Departamento de Antropologia da UnB. Mundaréu tem explorado o podcast como ferramenta para humanizar a pesquisa e as pesquisadoras, ressaltando seus aspectos sociais, éticos e políticos, produzindo e comunicando conhecimento situado (Fleischer, Manica, 2021). O Mundaréu sempre foi um projeto que integra ensino, pesquisa, extensão e divulgação científica. 

Começamos o projeto questionando “o que é a antropologia”. Trabalhamos desde o teaser de lançamento com os estereótipos sobre a área, que envolvem falas como:  “antropo…o que? Nunca ouvi falar!”, ou “Já sei, é aquela área que estuda dinossauro?”; “Não é o povo que pesquisa os ossos de gente, de gente que já viveu faz muito tempo na terra?”; “Nossa, eu acho tão bonitos esses assuntos de antropólogo!”; “Mas Antropologia não é a mesma coisa de antropofagia??” “Ah, eu tenho uma prima que estuda isso, ela passa o tempo todo lendo, lendo, lendo…”, e finalmente, “Ixi, mas Antropologia não é aquela área que fala difícil?”. Ouça o teaser aqui

Na primeira temporada, escutamos de antropólogas e interlocutoras sobre o que antropologia estuda, o que faz uma antropóloga, onde uma profissional da antropologia trabalha. Os diálogos iniciais foram embalados pela música “Quem canta” de Tatá e Danu; uma dupla de cantoras de Brasília. Já na segunda temporada trouxemos mais um mundaréu de boas histórias de pesquisa, com diferentes músicas, com a presença da cantora brasileira Ellen Oléria e a música “Mudernage”, de seu álbum Afrofuturista. 

na terceira temporada, “Ode ao Bozo”, música da banda Gatunas; e, na quarta e quinta temporadas, “Já foi” de Janine Mathias

No tenso ano eleitoral de 2022, o Mundaréu veio punk para resistir e frear o rolo compressor da agenda política pautada na destruição da vida. Um projeto, que sempre esteve presente desde os tempos coloniais nesse país, para desunir pessoas, desmontar as políticas públicas, tirar direito dos hospitais, das universidades, das escolas e da cultura. Apostamos que a Antropologia também pode ajudar a pensar os nossos problemas, pode reunir ideias e argumentos de resistência. Nosso mundaréu de vozes se somaram ao “Ode ao Bozo” do álbum homônimo da banda paraibana Gatunas

Em 2023, colocamos nossos gravadores na estrada pelo projeto “Um mundaréu de histórias: antropologia feminista da ciência e da tecnologia na América Latina” (FAPESP, 2022/05943-0). Com o objetivo principal mapear pesquisas em socioantropologia da ciência e da tecnologia com perspectivas feministas, decoloniais e antirracistas, produzidas na América Latina, gravamos de Sul a Norte do Brasil, e ainda na Argentina e na Colômbia. As professoras Tania Pérez-Bustos (Universidade Nacional da Colômbia) e a Alejandra Roca (Universidad de Buenos Aires/Argentina) foram nossas parceiras internacionais. Com essas gravações, produzimos a Quarta e Quinta Temporada, além da série Mundaréu na Argentina e Mundaréu na Colômbia. Também vai render a Sexta Temporada que vem aí!

Além das cinco temporadas regulares e as duas séries nos nossos países latinos, produzimos as séries De Lua em Lua, sobre menstruação e adolescência; Ciências do Zika, sobre o fabrico interdisciplinar da ciência; as temporadas um (2020), dois (2021) e três (2022) da série “O mundo na sala de aula”, produzida por e para estudantes de Ciências Sociais. Ainda transformamos em áudio as conferências da 32a Reunião Brasileira de Antropologia e da 33a Reunião Brasileira de Antropologia. Publicamos o livro “No ar: Antropologia, histórias em podcast” que recebeu a versão em áudio de todos os seus capítulos, apresentação e prefácio (Manica et al, 2022). Ela pode ser escutada no feed do Mundaréu e acessada em nosso site. O Mundaréu também integrou a Rádio Kere-Kere de podcasts de Antropologia. 

Além de já ter contado com o apoio institucional dos dois centros envolvidos, o Labjor, Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, vinculado ao Nudecri, Núcleo de Desenvolvimento de Criatividade, da Unicamp; e do Departamento de Antropologia da UnB. Para além dessas instituições, o projeto contou também com o apoio e colaboração do Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural (PPG-DCC) do Labjor/Unicamp, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia de Ciências Humanas (IFCH/Unicamp), da Rede de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (ReACT), do Labirinto (Laboratório de Estudos Socioantropológicos sobre as Tecnologias da Vida/Unicamp) e do Casca (Coletivo de Antropologia e Saúde Coletiva/UnB). 

Desde 2025, o Mundaréu é coordenado pela professora Daniela Manica e produzido no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. 

O Mundaréu foi construído com o apoio de todos estes parceiros: